A
família de Kemilly Vitória Pereira de Souza, 2 anos e 8 meses, continua
em Goiânia em busca de tratamento para a menina, que tem o corpo coberto
de pelos. Embora os primeiros exames mostrem que a menina não tem
problema de saúde, o preconceito preocupa os pais,
que dizem já terem sido hostilizados várias vezes. A mãe, a dona de
casa Patrícia Batista Pereira, 22 anos, revela que quase não sai de casa
para evitar que a filha sofra. "Até o parquinho que tem nas
proximidades de casa eu evito, pois as outras crianças se afastam dela e
os pais também não conseguem esconder o espanto. É uma situação muito
constrangedora", lamenta.
O olhar das pessoas assusta o casal. "Já chorei muito, pois
sempre que a gente sai com ela de casa todo mundo fica olhando. Aí só
saio mesmo para levá-la ao médico e quando não tem jeito", conta
Patrícia. Os pais de Kemilly moram em Augustinópolis, no Tocantins, e buscaram ajuda na capital goiana após inúmeras consultas médicas.
De acordo com o pai,
o eletricista Antônio de Souza, 34 anos, muitas pessoas têm oferecido
ajuda. “Depois que o caso foi divulgado na imprensa tem uma porção de
gente disposta a ajudar, mas até agora não conseguimos nada de concreto.
Hoje [terça-feira] visitamos mais um dermatologista, que nos disse que o
caso dela é muito raro e precisa de atenção especializada. A angústia
aumenta a cada minuto, pois ela já sofre preconceito e temos medo que
isso a prejudique”, disse o pai.
A mãe de Kemilly lembra que desde o nascimento já percebeu que os
pelos cobriam todo o corpo da criança, mas que eles foram escurecendo
ao longo do tempo. “Já fizemos de tudo o que se possa imaginar para
tentar descobrir o que ela tem. Felizmente, a Kemilly é saudável e se
desenvolve como uma criança normal. O problema mesmo é o excesso de pelo
em todo o corpo. Só os pés e as mãos delas não têm”, destacou.
Ainda segundo a dona de casa, Kemilly ainda não entende de fato o
que acontece com ela, mas já percebe que é diferente. “Quando ela vê
outra criança fica olhando e se esconde no cantinho. Uma vez ela já me
perguntou porque ela tinha tanto ‘cabelo’ e eu disse que era normal. Mas
ela insistiu e pediu para que eu os arrancasse. Meu coração ficou
partido”, contou Patrícia.
Traumas
A menina já recebe acompanhamento psicológico na cidade onde mora,
mas a mãe teme que o excesso de pelos faça com que ela cresça com
traumas. “Já flagrei mais de uma vez a Kemilly tentando arrancar os
pelos do braço sozinha. É claro que dói e aí ela para. Por enquanto, eu
converso, o pai brinca e ela acaba se distraindo. Mas até quando? Por
isso, estamos desesperadamente em busca de ajuda. Mesmo que não tenha
uma cura definitiva, vamos fazer o necessário para que ela possa se
sentir igual aos outros”.
O pai de Kemilly, que também tem muitos pelos no corpo desde que
nasceu, afirma que apenas a família entende como a condição da menina
afeta o psicológico de todos. “Eu fico arrasado quando vejo alguém
olhando torto ou sussurrando quando olha para ela. Uma vez cheguei a
discutir com um vizinho que disse que ela não era um ser feito por Deus e
que deveria ter nascido como um bicho. Eu sei que nem vale a pena
esquentar a cabeça com gente assim, mas eu fico chateado. Se eu pudesse
estar no lugar dela, não pensaria duas vezes”, ressaltou.
FONTE:
G1
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