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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Pais de menina peluda evitam sair para não serem hostilizados

Criança tem todo o corpo coberto de pelos e pais buscam tratamento.A família de Kemilly Vitória Pereira de Souza, 2 anos e 8 meses, continua em Goiânia em busca de tratamento para a menina, que tem o corpo coberto de pelos. Embora os primeiros exames mostrem que a menina não tem problema de saúde, o preconceito preocupa os pais, que dizem já terem sido hostilizados várias vezes. A mãe, a dona de casa Patrícia Batista Pereira, 22 anos, revela que quase não sai de casa para evitar que a filha sofra. "Até o parquinho que tem nas proximidades de casa eu evito, pois as outras crianças se afastam dela e os pais também não conseguem esconder o espanto. É uma situação muito constrangedora", lamenta.
O olhar das pessoas assusta o casal. "Já chorei muito, pois sempre que a gente sai com ela de casa todo mundo fica olhando. Aí só saio mesmo para levá-la ao médico e quando não tem jeito", conta Patrícia. Os pais de Kemilly moram em Augustinópolis, no Tocantins, e buscaram ajuda na capital goiana após inúmeras consultas médicas.
  De acordo com o pai, o eletricista Antônio de Souza, 34 anos, muitas pessoas têm oferecido ajuda. “Depois que o caso foi divulgado na imprensa tem uma porção de gente disposta a ajudar, mas até agora não conseguimos nada de concreto. Hoje [terça-feira] visitamos mais um dermatologista, que nos disse que o caso dela é muito raro e precisa de atenção especializada. A angústia aumenta a cada minuto, pois ela já sofre preconceito e temos medo que isso a prejudique”, disse o pai.
A mãe de Kemilly lembra que desde o nascimento já percebeu que os pelos cobriam todo o corpo da criança, mas que eles foram escurecendo ao longo do tempo. “Já fizemos de tudo o que se possa imaginar para tentar descobrir o que ela tem. Felizmente, a Kemilly é saudável e se desenvolve como uma criança normal. O problema mesmo é o excesso de pelo em todo o corpo. Só os pés e as mãos delas não têm”, destacou.
Ainda segundo a dona de casa, Kemilly ainda não entende de fato o que acontece com ela, mas já percebe que é diferente. “Quando ela vê outra criança fica olhando e se esconde no cantinho. Uma vez ela já me perguntou porque ela tinha tanto ‘cabelo’ e eu disse que era normal. Mas ela insistiu e pediu para que eu os arrancasse. Meu coração ficou partido”, contou Patrícia.
Hostilizados, pais de menina coberta com pelos evitam sair de casa
Traumas
A menina já recebe acompanhamento psicológico na cidade onde mora, mas a mãe teme que o excesso de pelos faça com que ela cresça com traumas. “Já flagrei mais de uma vez a Kemilly tentando arrancar os pelos do braço sozinha. É claro que dói e aí ela para. Por enquanto, eu converso, o pai brinca e ela acaba se distraindo. Mas até quando? Por isso, estamos desesperadamente em busca de ajuda. Mesmo que não tenha uma cura definitiva, vamos fazer o necessário para que ela possa se sentir igual aos outros”.
O pai de Kemilly, que também tem muitos pelos no corpo desde que nasceu, afirma que apenas a família entende como a condição da menina afeta o psicológico de todos. “Eu fico arrasado quando vejo alguém olhando torto ou sussurrando quando olha para ela. Uma vez cheguei a discutir com um vizinho que disse que ela não era um ser feito por Deus e que deveria ter nascido como um bicho. Eu sei que nem vale a pena esquentar a cabeça com gente assim, mas eu fico chateado. Se eu pudesse estar no lugar dela, não pensaria duas vezes”, ressaltou.


FONTE: G1

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