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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Deputado usou verba pública para abastecer helicóptero apreendido com drogas

Helicóptero pertencente à empresa do deputado Gustavo Perrella foi apreendido pela polícia com mais de 400 quilos de cocaína no Espírito SantoO deputado estadual Gustavo Perrella (SDD) usou sua verba indenizatória da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para abastecer o helicóptero apreendido no último domingo com 445 quilos de cocaína. A aeronave pertence à empresa Limeira Agropecuária, cujos donos são familiares do senador Zezé Perrella (PDT), entre eles o filho Gustavo Perrella e a filha Carolina Perrella. O Ministério Público Estadual (MPE) mineiro instaurou procedimento para apurar o caso.
De acordo com o portal de transparência da Casa, o deputado gastou 40 000 reais com combustível neste ano. Desse montante, 14 000 reais se referem a notas de reembolso de gastos com querosene especial para o modelo de helicóptero Robinson R-66 – o mesmo que foi apreendido pela Polícia Federal – entre os meses de janeiro a outubro.
Nesta quinta-feira, a assessoria do parlamentar disse que o Regimento da Assembleia autoriza a todos os deputados estaduais usar até 5 000 reais mensais para abastecimento de veículos e aeronaves. Em nota, a assessoria informou que o deputado só utilizou a verba para abastecer a aeronave em voos “com fins parlamentares em visitas às bases eleitorais”. O texto alega ainda que, em novembro, o combustível não foi pago com dinheiro público, mas Perrella ainda tem noventa dias para apresentar as notas de reembolso
Segundo a assembleia, cada deputado tem o direito de ser reembolsado em 20 000 reais referentes a pagamentos de serviços de hospedagem, alimentação, assessoria, entre outros - sendo que 5 000 são destinados ao abastecimento de veículos e aeronaves.
Em nota, a Casa informou também que decidiu proibir, nesta quinta, “o reembolso de combustível para aeronaves". A medida foi aprovada após dezenas de pessoas promoverem um protesto contra o deputado em frente à sede da Assembleia de Minas Gerais. A ação foi chamada de “farinhaço” em referência à cocaína apreendida no helicóptero de Gustavo Perrella. Em nota, a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar do Legislativo mineiro comunicou que vai realizar "todas as apurações necessárias" sobre o caso.
Improbidade – Assim como o filho, o senador Zezé Perrella também é investigado pelo MPE por usar verba indenizatória para abastecer sua aeronave particular relativo à época em que era deputado estadual, em Minas. Segundo o promotor Eduardo Nepomuceno, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público do MPE, o procedimento está “bem adiantado” e “caminha para a propositura de ação" contra o pedetista. Se for condenado pelo crime de improbidade administrativa, o senador pode perder o cargo e se tornar inelegível.
Piloto - Nesta quarta-feira, foi publicada no Diário Oficial a exoneração de Rogério Almeida Antunes do cargo de agente de serviço da Assembleia Legislativa mineira. Além de funcionário público, ele era o piloto do helicóptero de Perrella e havia sido nomeado por ele para o posto na Casa. Antunes está preso desde domingo, quando foi capturado em flagrante transportando drogas em uma fazenda, no interior do Espírito Santo. Em depoimento à Polícia Federal, Antunes disse que pensava estar fazendo o frete de “insumos agrícolas” e não de 445 quilos de cocaína. Perrella, por sua vez, afirmou ter se sentido traído pelo piloto.
(Com Estadão Conteúdo)

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