O
deputado estadual Gustavo Perrella (SDD) usou sua
verba indenizatória da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para
abastecer o helicóptero apreendido no
último domingo com 445 quilos de cocaína. A aeronave pertence à empresa
Limeira Agropecuária, cujos donos são familiares do senador Zezé
Perrella (PDT), entre eles o filho Gustavo Perrella e a filha Carolina
Perrella. O Ministério Público Estadual (MPE) mineiro instaurou
procedimento para apurar o caso.
De
acordo com o portal de transparência da Casa, o deputado gastou 40 000
reais com combustível neste ano. Desse montante, 14 000 reais se referem
a notas de reembolso de gastos com querosene especial para o modelo de
helicóptero Robinson R-66 – o mesmo que foi apreendido pela Polícia
Federal – entre os meses de janeiro a outubro.
Nesta
quinta-feira, a assessoria do parlamentar disse que o Regimento da
Assembleia autoriza a todos os deputados estaduais usar até 5 000 reais
mensais para abastecimento de veículos e aeronaves. Em nota, a
assessoria informou que o deputado só utilizou a verba para abastecer a
aeronave em voos “com fins parlamentares em visitas às bases
eleitorais”. O texto alega ainda que, em novembro, o combustível não foi
pago com dinheiro público, mas Perrella ainda tem noventa dias para
apresentar as notas de reembolso
Segundo
a assembleia, cada deputado tem o direito de ser reembolsado em 20 000
reais referentes a pagamentos de serviços de hospedagem, alimentação,
assessoria, entre outros - sendo que 5 000 são destinados ao
abastecimento de veículos e aeronaves.
Em
nota, a Casa informou também que decidiu proibir, nesta quinta, “o
reembolso de combustível para aeronaves". A medida foi aprovada após
dezenas de pessoas promoverem um protesto contra o deputado em frente à
sede da Assembleia de Minas Gerais. A ação foi chamada de “farinhaço” em
referência à cocaína apreendida no helicóptero de Gustavo Perrella. Em
nota, a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar do Legislativo mineiro
comunicou que vai realizar "todas as apurações necessárias" sobre o
caso.
Improbidade – Assim
como o filho, o senador Zezé Perrella também é investigado pelo MPE por
usar verba indenizatória para abastecer sua aeronave particular
relativo à época em que era deputado estadual, em Minas. Segundo o
promotor Eduardo Nepomuceno, da Promotoria de Defesa do Patrimônio
Público do MPE, o procedimento está “bem adiantado” e “caminha para a
propositura de ação" contra o pedetista. Se for condenado pelo crime de
improbidade administrativa, o senador pode perder o cargo e se tornar
inelegível.
Piloto - Nesta quarta-feira, foi publicada no Diário Oficial a
exoneração de Rogério Almeida Antunes do cargo de agente de serviço da
Assembleia Legislativa mineira. Além de funcionário público, ele era o
piloto do helicóptero de Perrella e havia sido nomeado por ele para o
posto na Casa. Antunes está preso desde domingo, quando foi capturado em
flagrante transportando drogas em uma fazenda, no interior do Espírito
Santo. Em depoimento à Polícia Federal, Antunes disse que pensava estar
fazendo o frete de “insumos agrícolas” e não de 445 quilos de cocaína.
Perrella, por sua vez, afirmou ter se sentido traído pelo piloto.
(Com Estadão Conteúdo)
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