A presidente Dilma Rousseff abriu nesta terça-feira (27) a primeira
reunião ministerial do segundo mandato determinando aos ministros que
enfrentem o “desconhecimento”, a “desinformação” e “reajam aos boatos” e
à “falsa versão”.
Para a reunião, ela reuniu os 39 ministros na Granja do Torto, uma
das residências oficiais da Presidência. Dilma fez o discurso de
abertura, que durou cerca de 35 minutos, e depois os ministros iriam
falar sobre prioridades nas suas pastas.
“Nós devemos enfrentar o desconhecimento e a desinformação sempre e
permanentemente. Não podemos permitir que a falsa versão se crie e se
alastre. Reajam aos boatos, travem a batalha da comunicação. Sejam
claros, sejam precisos, façam-se entender”, declarou.
A presidente pediu aos ministros que digam “a cada cidadão” que não
houve recuo naquilo que foi apresentado como princípio durante a
campanha eleitoral.
“Vamos dizer a cada cidadão que não alteramos um só milímetro nosso
projeto da eleição. Nosso povo votou em nós porque acredita que somos os
mais indicados para fazer, porque acredita na nossa honestidade de
propósitos”, afirmou.
Ela mencionou como exemplo os direitos trabalhistas, objeto de
crítica da oposição, que afirma que o governo está retirando direitos,
ao contrário do que disse durante a eleição. “Direitos trabalhistas são
intocáveis e não será o nosso governo, um governo de trabalhadores, que
irá revogá-los”, afirmou. “Vamos falar mais, comunicar sobre nossos
desafios, sobre nossos acertos”, afirmou.
A presidente afirmou que a reforma política será prioridade e também
pediu aos ministros que trabalhem de forma cooperativa e que tenhma
“muito diálogo” com o Congresso Nacional – a suposta falta de diálogo é
uma das principais críticas ao governo de parlamentares da base aliada
do governo.
“Espero de cada um das ministras e dos ministros muito diálogo com o
Congresso, com os governadores e os prefeitos, tal como eu mesma farei.
Espero de todos muita dedicação, muita cooperação entre os ministérios”,
afirmou.
‘Reequilíbrio fiscal’
Ela também disse que as medidas econômicas anunciadas recentemente pelo
governo são necessárias e que o reequilíbrio fiscal do governo será
“gradual”.
“Os ajustes que estamos fazendo são necessários para manter o rumo e
para ampliar as oportunidades, preservando as prioridades sociais e
econômicas do governo que iniciamos há 12 anos”, disse a presidente.
“Vamos promover o reequilíbrio fiscal de forma gradual. Nossa
primeira ação foi estabelecer a meta de resultado primário em 1,2% do
PIB, um grande esforço fiscal, que mostra o esforço que a economia pode
suportar sem comprometer o crescimento da renda e do emprego”,
completou.
Em 19 de dezembro, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou o
aumento de tributos sobre combustíveis, sobre produtos importados e,
também, sobre operações de crédito. A expectativa da equipe econômica é
arrecadar R$ 20,6 bilhões neste ano com as alterações.
Na reunião ministerial, a presidente afirmou que as medidas
anunciadas pela Fazenda têm caráter “corretivo”. Aos 39 ministros do
governo, Dilma ressaltou que o “reequilíbrio ” fiscal é indispensável. A
presidente citou ainda o corte no Orçamento da União, publicado no
“Diário Oficial” e que prevê o bloqueio mensal de R$ 1,9 bilhão nos
gastos do governo.
“Nós reduzimos em um terço o limite orçamentário de todos os
ministérios neste início de ano. Lembro a cada um dos ministros e das
ministras que as restrições orçamentárias exigirão mais eficiência no
gasto. Estou certa de que todos executarão com excelência e vamos fazer
mais, gastando menos”, ressaltou a presidente.
Dilma defendeu a necessidade de aumento da competitividade tanto
interna quanto externa, além de desenvolvimento econômico e social
“duradouro”.
Ela ressaltou que o compromisso dos ministros deve ser em torno de
medidas que garantam, cada vez mais, que o Brasil seja um país próspero e
menos desigual.
“Como disse na cerimônia de posse, as mudanças que o Brasil espera e
precisa para os próximos quatros anos dependem muito da estabilidade e
da credibilidade da economia. Nós precisamos garantir solidez dos nossos
indicadores econômicos”, disse a presidente.
Crescimento
Durante a fala, dominada por temas econômicos, Dilma afirmou que, para
recuperar o crescimento da economia “o mais rápido possível”, é preciso
criar condições para a queda da inflação e das taxas de juros no médio
prazo e garantir a continuidade da geração de emprego e renda.
A presidente comentou ainda o anúncio feito pelo governo de tonar
mais rigoroso o acesso da população a benefícios previdenciários, em 29
de dezembro. Ela classificou as medidas como “corretivas” e garantiu ter
buscado o “aperfeiçoamento” desses benefícios.
“Trata-se do aperfeiçoamento de políticas sociais para aumentar sua
eficácia, eficiência e sua justiça. Nós sempre aperfeiçoamos nossas
políticas, e o Bolsa Família é um exemplo – eu diria – excelente disso”,
declarou.
Dilma com ministros na reunião ministerial (Foto: José Cruz / Agência Brasil)
Petrobras e combate à corrupção
A presidente voltou a defender a Petrobras, centro das investigações da
Polícia Federal na Operação Lava Jato, que apura casos de pagamento de
propinas em contratos e superfaturamento em construção de refinarias.
“Temos de reconhecer que a Petrobras é a empresa mais estratégica
para o Brasil. Temos que saber apurar, temos que saber punir, isso tudo
sem enfraquecer a Petrobras, diminuir sua importância para o presente e
para o futuro do país”, afirmou.
No discurso, Dilma afirmou que o governo lutará contra a corrupção e a
impunidade e voltou a defender que os responsáveis por prejuízos à
empresas sejam punidos. “Mas nós devemos punir as pessoas, não destruir
as empresas. As empresas são essenciais para o Brasil, e nós temos que
saber punir o crime”, enfatizou.
Fonte: G1