
O
ex-presidiário Heberson Lima de Oliveira, hoje com 30 anos, teve a
juventude roubada por um erro da Justiça do Amazonas e luta para receber
do Estado uma indenização depois de tudo o que passou. Preso em 2003
suspeito de estuprar uma menina de nove anos, ele ficou três anos atrás
das grades até que teve a inocência provada. Isolado em uma cela
destinada aos homens que cometeram crimes sexuais, ele foi estuprado
pelos companheiros de cela e contraiu Aids, o que fez com que a
liberdade chegasse de forma tardia para ele.
Heberson deixou a Unidade Prisional do Puraquequara, em
Manaus, em 2006. Ele nunca foi julgado e nem condenado. Tudo só foi
esclarecido durante uma visita ao presídio feita pela defensora pública
Ilmair Siqueira. Ela conversou com o rapaz e acreditou na versão
apresentada sobre os fatos. A garota foi abusada no bairro Nova
Floresta, zona leste da capital. O pai da vítima acusou Heberson porque teria tido um desentendimento com ele.
A delegada pediu a prisão baseada na indicação do pai, mas a
investigação feita depois apontou que outro homem cometeu o crime. As
características do acusado eram outras. Sendo assim, o primeiro erro do
processo foi cometido pela Polícia Civil, segundo a defensora. O segundo
foi da Justiça por nunca ter julgado o caso durante os três anos em que
o rapaz passou no presídio, sendo que a lei determina
que a sentença seja dada em até 90 dias. Um relatório foi encaminhado a
OEA (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) e à Secretaria de
Direitos Humanos da Presidência da República pedindo atenção ao caso. A
ação movida pela defensora desde 2011 pede uma indenização de cerca de
R$ 170 mil, valor nunca pago porque o Estado considerou alto para o
caso.
O ex-presidiário se tornou usuário de drogas dentro da
detenção e, quando saiu, chegou a arrumar um trabalho, mas não conseguiu
permanecer. Ele vive com a mãe, sustentados por uma pensão que ela recebe no valor de um salário mínimo.
O advogado João Batista do Nascimento assumiu de forma voluntária
o caso de Heberson. Ele montou um grupo chamado ‘Pela dignidade de
Heberson Oliveira’ e conseguiu tratamento psicológico e médico para o
rapaz.
— Queremos uma indenização vitalícia para o Heberson. Tudo isso só aconteceu com ele porque ele é pobre. O Brasil está cheio de casos como esse, sem ter quem lute pelos direitos.
Quando terminar o tratamento para se livrar do vício de
entorpecentes, Heberson vai voltar a estudar para concluir o ensino
fundamental, médio e depois pretende cursar direito. Ele faz pelo SUS
(Sistema Único de Saúde) e, segundo o advogado, não tem condições de dar
entrevista sobre o assunto.
Antes de ser preso, Heberson já tinha dois filhos que são criados pela mãe. Ele nunca ajudou financeira e tem pouco contato.
FONTE:
r7
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