Os repórteres Paulo Renato Soares e Alex Carvalho partiram de São 
Paulo para Fortaleza, na primeira etapa da viagem da capital cearense 
até Brasília.
Eles vão na fé. Os romeiros sobre duas rodas aproveitam as boas 
condições da BR-020, perto de Fortaleza, para viajar pelo acostamento.
“Um acostamento desse aqui, na antiga, ninguém tinha. Agora a gente
 já tem. A gente andava bem prensadinho perto dos carros”, disse Renato 
Rocha, romeiro.
O grupo rodou mais de cem quilômetros pela rodovia até Canindé. A 
cidade atrai religiosos de todo o Brasil por causa do santuário de São 
Francisco.
De Canindé, seguimos pela BR-020 durante a noite. Há longos trechos em obras, alguns ainda sem asfalto.
Mas o pior estava por vir, logo depois de passarmos pelo município 
de Boa Viagem. Em um trecho, a BR-020 é uma buraqueira só neste trecho. 
Um carro pequeno passando por lá quebra na certa.
Como aconteceu com a van lotada. A viagem foi interrompida, porque o pneu do reboque estourou.
Kyneto Pinheiro, motorista: Quase dois anos que está desse jeito.
Jornal Nacional: Quantos pneus você já quebrou aqui, já estourou aqui?
Kyneto Pinheiro: Não tem soma mais pneu, não. Já estourou pneu da van, pneu do reboque.
Caminhões… ninguém escapa. A BR-020 segue ruim por mais de cem 
quilômetros. De manhã, encontramos a rodovia em condições bem melhores 
depois da cidade de Tauá.
A estrada parece ter sido esquecida lá atrás, mas por em trecho 
recebe todo o cuidado. Quase na divisa com o Piauí, o acostamento é 
passagem obrigatória para o Seu Manoel.
Com a experiência de quem vive e trabalha há 76 anos na beira da BR, ele tem a receita de boa convivência com a estrada.
Seu Manoel, agricultor: Eu não gosto nem de vir de bicicleta, é 
mais difícil de desviar. Acho melhor vir a pé que qualquer coisa, cabeça
 desvia.
Jornal Nacional: O senhor tem medo dos carros?
Seu Manoel: Não sou muito chegado a eles, não.
Mais adiante, motociclistas não se importam em correr riscos. 
Ninguém usa capacete. E são crianças pilotando as motos. Uma levava o 
pai na garupa.
No município de Picos, já no Piauí, flagramos mais um descaso com a
 própria vida. O menino sobe na traseira de uma carreta em movimento e 
senta no parachoque. Os pés, a poucos centímetros do asfalto. Ele chega a
 ficar sem as duas mãos.
Jornal Nacional: Você Não tem medo de uma freada, cair, machucar, o pé?
Menino: Faço mais , não.
Mostramos as imagens para o motorista do caminhão. “Meu Deus do 
céu! A questão de eu parar, por exemplo, em um sinal, e uma pessoa 
distraída pegar ele ali. Imprensar ele ali, é fatal”, disse.
A partir de Picos é preciso atenção ao mapa. A BR-020 está 
incompleta. “Quando chega aqui, ela morre”, afirmou o gerente do posto 
Antonio Ribeiro.
Pela sugestão do Dnit, primeiro é preciso pegar outra rodovia 
federal, a BR-230, até Oeiras. Depois, uma estrada estadual, a PI-143, 
até Simplício Mendes, onde voltamos à BR-020, por pouco tempo.
O asfalto é bom, mas não há acostamento. São 70 quilômetros até São
 João do Piauí. Na cidade, temos que pegar mais uma estrada estadual. 
Para quem não conhece, não é muito fácil. A PI-141 tem asfalto 
aparentemente novo, mas não fica assim por muito tempo. Não demora para o
 motorista encontrar os problemas.
Há muitos trechos com buracos e remendos que deixaram oscilações na
 pista, e isso não é o pior. Em parte dessa viagem simplesmente não há 
asfalto. São 80 quilômetros com asfalto um pouquinho, e terra um 
pouquinho.Avelar não se surpreende mais. Ele passa todos os anos por lá 
na viagem entre o Piauí e Brasília. “Já tem uns 15 anos que está desse 
jeito, só bagaceira. A estrada está ruim demais. A gente vem sempre. É 
ruim desse jeito”, critica.
Não custa lembrar. Essa é uma rodovia e certamente caminho de muitos torcedores que vão ver os jogos da Seleção na Copa.
O Jornal Nacional foi ouvir o Dnit sobre essas estradas que o 
próprio departamento recomendou. E o diretor Jorge Fraxe fez uma 
promessa.
“A estrada, a manutenção dela, é contratada por lotes. Normalmente 
lote de 50 km, lote de 100 km, e são contratos em tempos diferentes. Eu 
posso assegurar a você que todos os trechos que levam à Copa estarão com
 manutenção adequada, sem buraco, na época da Copa”, afirma Jorge Fraxe,
 diretor geral do Dnit.
Fonte: Gobo.com
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