Além de contar com fiéis escudeiros para defendê-la em suas bases eleitorais - em São Paulo, ela teve a ajuda do deputado Gabriel Chalita (PMDB) junto ao eleitorado católico - Dilma Rousseff assinou uma carta na qual se comprometia, entre outras coisas, a não avançar na legislação já existente sobre o aborto e conclamava os correligionários a ajudar na tarefa de deter o que classificou de "sórdida campanha de calúnias".
Evangélico e classificado, já em 2010, como um dos deputados mais influentes do PMDB, Cunha percorreu as igrejas evangélicas do Rio, segundo maior colégio eleitoral do País, defendendo a petista e pedindo voto para ela. Dilma acabou vencendo o segundo turno contra o tucano José Serra.
Mesmo sem ter levado os louros da defesa, Cunha continuou atuando em sintonia com o governo federal. Em agosto do ano passado, contudo, o parlamentar foi surpreendido com a sanção de Dilma ao projeto que permite a distribuição da pílula do dia seguinte para vítimas de estupro. A atitude da presidente foi classificada por parlamentares da bancada evangélica como uma quebra do compromisso firmado na campanha de 2010, porque, na avaliação deles, abre um precedente para o aborto.
Na queda de braço com o Planalto, a avaliação dos correligionários é de que a liderança de Eduardo Cunha cresceu e seu nome se consolidou. O presidente do PMDB do Rio de Janeiro, Jorge Picciani, reforça o discurso de que a legenda não quer cargos no ministério de Dilma Rousseff. "A soberba (de Dilma e do PT) está levando a erros graves. O PT já deveria ter aprendido com isso. Além disso, é bom frisar que o PT não está em condições de desqualificar o líder do PMDB", afirmou ao Broadcast Político.
Picciani disse que, neste momento, mais do que defender suas causas e as da bancada evangélica, Eduardo Cunha está em defesa da independência do próprio Parlamento. "Não se pode desqualificar um líder desse cacife", emendou o presidente do PMDB do Rio.
O poder de aglutinação e liderança de Cunha é reconhecido até por parlamentares da oposição. Um desses políticos, que não quis ser identificado, disse que o Palácio do Planalto não tem ideia da briga que arrumou, pois a tenacidade e a persistência do peemedebista na defesa de suas causas são conhecidas entre seus desafetos.
Outro aliado que também preferiu não ser identificado disse que, além de Dilma, Cunha também defendeu o correligionário Michel Temer, vice-presidente da República, de ataques que sofreu na mesma campanha, quando foi taxado de ser satanista. "Ele sempre foi próximo de Temer e apoiou totalmente Dilma naquela campanha, agora, não creio que a situação seja a mesma."
Outro fator que desencadeou a atual crise, na avaliação de uma fonte com acesso aos líderes do PMDB, foi o projeto do PT, nessas eleições, de aumentar sua bancada em alguns locais, como o Rio de Janeiro. Se o PT conseguir a maioria na Câmara dos Deputados, o PMDB corre o risco de perder a direção da Casa e de comissões importantes. "Isso é muito mais sério do que os cargos na Esplanada dos Ministérios", disse a fonte.
FONTE:
Yahoo
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