Para minimizar os efeitos da pior seca já vivida pelo homem do campo nos últimos 50 anos, o estado do Piauí está sendo beneficiado, até dezembro deste ano, com 32.660 cisternas de polietileno, por meio do Programa Água Para Todos (APT), via Ministério da Integração Nacional (MIN). “Já temos 3.572 reservatórios instalados em mais de 20 mil moradores de áreas rurais atendidos pelo programa”, disse o coordenador do APT da 7ª Superintendência Regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Márcio Leite.
“Entre os municípios já beneficiados estão Alagoinha do Piauí, Bocaina, Buriti dos Montes, Conceição do Canindé, Geminiano, Itaueira, Lagoa de São Francisco, Milton Brandão, Nazaré, Nova Santa Rita, Paquetá, Patos, Paulistana, São João da Serra, São Miguel do Tapuio e Valença”, acrescentou.
Os reservatórios captam a água da chuva e permitem o armazenamento de 16 mil litros, garantindo condições para uma família de quatro a cinco pessoas se manter por até nove meses de estiagem, cenário típico do semiárido nordestino. “A vida por aqui sempre foi difícil e com a seca a coisa piorava. A água que a gente usava era de um cacimbão, mas não prestava, era quase uma lama. Agora todo mundo bebe água boa, tratada e guardada na cisterna; e o cacimbão ficou só para os animais”, contou o agricultor José Joaquim de Souza, 52, ao lado da esposa Francisca de Sá, 48, moradores da Comunidade João Ferreira, zona rural de Alagoinha do Piauí, município distante 378 km de Teresina, que foi beneficiado com 350 reservatórios.
O material utilizado na fabricação dos reservatórios é adequado à região. “A resina de polietileno somente pode fundir a uma temperatura de 147o C, sendo que na região a temperatura máxima pode oscilar em torno de 50o C em períodos de clima mais severo, o que desmistifica a informação incorreta de que as cisternas derretem no calor do sertão. Além disso, essa é uma tecnologia consolidada internacionalmente e utilizada há mais de duas décadas em países com temperaturas semelhantes ou até mais críticas que as encontradas no Nordeste brasileiro”, explicou Amauri Ramos, diretor da Acqualimp. A durabilidade e resistência é outra característica do reservatório.
“O polietileno, por sua elasticidade, impede que os tanques apresentem fissuras e trincas. O uso do polietileno também impede vazamentos da água, assim como a contaminação por outros líquidos e resíduos sólidos. Desta forma, preserva a qualidade da água armazenada e proporciona benefícios para a saúde da população atendida. Uma cisterna de polietileno pode durar até 30 anos”, conclui Ramos.
Com a chegada das cisternas de polietileno a vida também ficou mais fácil para as famílias das áreas rurais do município de São Miguel de Tapuio, onde aproximadamente 1900 pessoas foram beneficiadas. “Tenho quatro filhos e a situação por água aqui é bem difícil. Se não fosse essa cisterna, hoje eu não sei o que seria da minha família. A gente que mora aqui no Sítio Carnabauzinho e até agora não recebeu carro-pipa, então a única água que nós temos pra beber é a água da cisterna que nós juntamos da chuva do ano passado”, destacou a agricultora Joedna Silva Araújo, 28.
A manutenção de uma cisterna de polietileno é de baixíssimo custo, necessitando apenas de limpeza interna uma vez por ano, a qual pode ser feita normalmente pelo próprio beneficiado. A fabricante disponibiliza uma linha telefônica gratuita para atender aos beneficiados, que podem contatar a companhia em caso de dúvidas e até pedir a troca do reservatório, que tem cinco anos de garantia para defeitos de fabricação, quando necessário. O telefone 0800-081-6060 está disponível de 2ª a 6ª das 8h às 17h.
Famílias do Piauí podem se inscrever para receber cisternas
Para ser atendido pelo programa é necessário que beneficiário esteja inscrito no Cadastro Social Único (CADÚnico), do Governo Federal e que a família apresente renda familiar per capita de até R$ 140 mensais. Na dúvida, é importante procurar o Comitê Gestor da cidade ou liderança comunitária da localidade. Na ausência deles, deve acionar as Secretarias de Agricultura ou Ação Social do município.
No Piauí, a Codevasf atua nessa frente e está apta para tirar dúvidas e orientar quais procedimentos são necessários para ser beneficiado com o programa sem qualquer custo.
Efrém Ribeiro
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