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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

JN no Ar visita áreas mais atingidas pela seca na Região Nordeste


Depois de 8 meses de estiagem, os carros-pipa já não conseguem atender a todos os que precisam de água. Fatalidade criou um novo negócio: carroças puxadas por burros carregam tambores com 400 litros d’água.

A equipe do JN no Ar presenciou, nesta quarta-feira (21), os efeitos da pior estiagem dos últimos anos no Nordeste.

Eles rodaram 540 quilômetros, o que foi importante para mostrar como a seca está atingindo a todos. Seja na cidade ou no campo, seja um pequeno produtor ou um grande fazendeiro.

Foram 1745 km de voo entre o Rio de Janeiro e Juazeiro do Norte, na noite dessa terça-feira (20). Ainda de madrugada, a equipe se despediu do padre Cícero e partiu pelas estradas do Cariri. Atravessaram Pernambuco e, com o nascer do sol, chegaram aonde a água não chega, no interior do Piauí.

Para os moradores de Marcolândia, o dia começa com uma decepção.

“Todo mundo só procurando água, não tem outra coisa para fazer. Enquanto não chega, fazer o que? É procurar”, diz um morador.

“Já tem três vezes que eu venho aqui (cisterna) e volto vazio”, fala outro.

A cisterna está seca e mesmo quando tem água, a qualidade não é das melhores. Bem do lado, a um, dois, três, quatro passos, a vizinhança é um chiqueiro.

Depois de oito meses de estiagem, os carros-pipa já não conseguem atender a todos os que precisam de água. E na região eles são muitos.

Nenhum dos 14 mil habitantes de Marcolândia tem água encanada. O utensílio doméstico com que todos sonham é uma simples torneira.

“Tem vezes que a gente deixa de comer para comprar o tambor de água”, conta uma mulher.

Na cidade das casas sem torneira, a água muitas vezes é um luxo de quem pode pagar. E a seca criou um novo negócio: carroças puxadas por burros percorrem a cidade, carregando tambores com 400 litros d’água. Até a escola da cidade só mantém as aulas com essa água. 800 alunos aprendem graças à valentia do burrico.

Nas casas a situação é mais difícil. O carregamento custa R$ 14, é muito para agricultores que perderam toda a produção. E quando as últimas economias vão embora, eles fazem planos para ir embora também.

“Muitos pais de família tem que deixar a cidade para não ver os filhos morrerem de fome”, diz um homem.

A equipe vai para o Ceará. Salitre sempre se orgulhou de ser a terra da mandioca. Agora não sobrou um pé de mandioca sequer nesta terra seca. A cooperativa está com as máquinas paradas e os trabalhadores não sabem o que fazer.

“Dez pessoas em casa. Tenho oito filhos, aí fica complicado a gente parar assim”, afirma uma mulher.

A última parada é no sertão de Pernambuco. Em todas as cidades por onde a equipe passou, mesmo as que eles atravessaram no caminho, foi encontrada uma estátua do padre Cícero.

Mas em Serrita, o patriarca do Cariri deve ouvir mais pedidos do que em qualquer outro lugar. No local não chove há um ano e sete meses.

Em um requinte de crueldade da seca, a chamada "capital do vaqueiro" é o lugar onde o gado mais sofre. Até setembro havia água no açude, mas agora ela só chega depois de viajar 80 km em carros-pipa.

A seca de 2012 conseguiu abalar até o vaqueiro Djalma, de 75 anos, acostumado às durezas do sertão nordestino.

“Eu vi falar muito, 30, 31 e 32, três secas grandes que papai falou”, lembra ele. “A pior seca que vi foi essa”, completa.

No começo deste ano, seu Djalma tinha 1000 cabeças de gado.

“De gado grande, já perdi mais de 200”, conta ele.

Dos 175 bezerrinhos que nasceram, só sobraram dois, que estão com os dias contados. A fazenda, sempre próspera, virou cenário de tragédia.

Dona Adriana, a mulher do fazendeiro, sempre enfrentou tudo com a valentia sertaneja, mas o sofrimento do rebanho já foi longe demais.

“Dói muito. Cada um aqui é como se fosse um filho. Aqui cada um tem um nome. É uma perda como se fosse a perda de um filho. Dói, dói muito. E de Deus eu espero chuva, que ele volte novamente a mandar chuva para o sertão nordestino”, pede ela, emocionada.

Para fazer essa reportagem, a equipe teve o apoio da TV Verdes Mares e da TV Clube, afiliadas da Rede Globo no Ceará e no Piauí.

O Ministério da Integração Nacional informou que investiu R$ 320 milhões em carros-pipa e na perfuração de poços. Também disse que liberou R$ 1,5 bilhão em linhas de crédito de emergência para os afetados pela seca.

Fonte:G1

Blog Chagas Fotografias 

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