O testemunho extraoficial da mulher está mantendo há seis dias o ator e psicólogo Vinícius Romão, de 26 anos, na prisão. O verdadeiro ladrão, Segundo revelam testemunhas que viram as imagens de câmeras dos prédios da Rua Amaro Cavalcante, do Méier, era também negro, mesma estatura, mas vestia bermuda - Vinícius estava com uma calça comprida preta. Além disso, na hora do ataque à senhora estava sem camisa. Vinícius trajava uma camiseta também preta.
Segundo revelaram amigos nas redes sociais, a polícia não teria dado a Vinícius o direito de telefonar para um parente ou advogado. Para estes amigos, que colocaram faixas denunciando o caso, além da confusão forçada pela pressão exercida pelos PMs para que a vítima fizesse o reconhecimento, haveria também um componente explícito de preconceito racial.
O assalto
Pelo diálogo dos policiais, Vinícius entendeu o que se passava: ele tinha as mesmas características físicas de um suposto ladrão que havia atacado uma mulher: era negro, usava bermuda e tinha o cabelo black power. Levada até o local onde Vinícius havia sido rendido, a mulher, chorando muito, confirmou que Vinícius seria o ladrão. Nenhum objeto pessoal da mulher foi encontrado com Vinícius.
Os policiais encaminharam o funcionário da Toulon para a 25ª DP (Engenho Novo), onde foi feito um novo "reconhecimento" pela suposta vítima, que trabalha de copeira no Hospital Pasteur. Esse reconhecimento entre acusado e vítima, Segundo revelaram testemunhas, teria sido feito de maneira informal, com a vítima sob pressão emocional e psicológica. Os PMs gritavam para que ela o reconhecesse sem medo.
Sem que lhe fossem dadas as garantias constitucionais de telefonar para algum parente ou advogado, Vinicius foi imediatamente encarcerado, e posteriormente levado para a casa de detenção Patrícia Acioli, em São Gonçalo, na Região Metropolitana de São Gonçalo. Ele está impedido de receber visitas e não conseguiu, devido a incomunicabilidade, constituir sua defesa contratando advogado ou recebendo do Estado um defensor público. Pior ainda, poderá ser transferido a qualquer momento para outros presídios do Estado. Na Toulon, onde trabalha, os funcionários confirmam seu horário de saída. No entanto, as faltas contabilizadas podem resultar em demissão por justa causa.
Câmeras dos prédios nas proximidades do assalto mostram que o ladrão era outro, de bermuda com outro modelo e sem camisa. Ao deixar o trabalho no Norte Shopping, Vinícius vestia uma calça e camisa pretas. Para seus amigos, o ataque de suspeição imposto a Vinícius "é o retrato de uma sociedade racista".
Lado a Lado
FONTE:
conexaojornalismo
Nenhum comentário:
Postar um comentário